O universo de Jorge Amado, suas mulheres fortes, sua visão popular e aguçada da sociedade baiana que, de tão intrínseca torna-se ecumênica, é o pano de fundo de O FADÁRIO.

Ilhéus – Mirim, uma cidadezinha perdida no sertão da Bahia, às vésperas de receber uma represa que salvaria a região de um grande revés, é surpreendida por disputas políticas que adiam a abertura da barragem e levanta a dúvida de quando a grande obra chegará ao fim. Ao mesmo tempo revelações vão brotando em série quando o sumiço do prefeito instiga ainda mais a polêmica situação.  Ligações políticas contaminadas, traições e artimanhas do arco da velha, ligações nunca antes imaginadas vão se revelando na medida em que a sanha por encontrar o motivo real da interrupção da obra vai desvendando novos e surpreendentes acontecimentos.  

“O Fadário”, jornal investigativo, sediado em Salvador, às voltas com a ditadura Vargas implementada no início do Estado Novo (1937 – momento em que se passa a nossa história), envia uma jornalista até a pequena cidade antevendo que havia ali implicações políticas muito mais profundas, arraigadas e ameaçadoras do que uma provinciana intriga de comadres.

Um imponderável crime passional acaba por trazer à tona a saga de uma segunda mulher que, aliada à primeira, se torna fundamental no desfecho da trama.

A narrativa é revista e contada, várias décadas depois, em 1972, quando duas descendentes dessas mesmas mulheres enfrentam o desafio de montar uma peça de teatro contando a saga de Ilhéus – Mirim.  Como mais um elemento em comum, enfrentam a coincidência de estarem vivendo no segundo momento ditatorial no Brasil.